A chegada dos imigrantes judeus ao Rio Grande do Sul em 1904 marcou o início de um movimento significativo, impulsionado pelo desejo de proporcionar uma qualidade de vida melhor aos judeus que enfrentavam perseguições e discriminações em seus países de origem, muitas vezes por motivos religiosos ou étnicos. A maioria dessas pessoas vinha da Bessarábia, uma região histórica localizada na Europa Oriental, abrangendo territórios entre a Moldávia e a Ucrânia.
Esse notável processo de imigração foi meticulosamente coordenado pela “Jewish Colonization Association” (Associação Judaica de Colonização), uma instituição que teve sua origem e financiamento inicial nas mãos do engenheiro judeu francês Barão Maurice de Hirsch. O primeiro assentamento de imigrantes judeus no Rio Grande do Sul ocorreu com a criação da Colônia de Philippson, próxima a Santa Maria, estabelecendo-se como a primeira colônia judaica oficialmente organizada no país.
Bessarabia, o mapa Etnográfico – 1919 – Library of Congress
O desenvolvimento continuou com a inauguração, em 1909, da Colônia Quatro Irmãos, localizada no município de Passo Fundo, próxima à linha férrea São Paulo – Rio Grande. Entre 1926 e 1927, dois novos núcleos agrícolas foram estabelecidos na fazenda de Quatro Irmãos: Barão Hirsh e Baronesa Clara, este último em homenagem à esposa do fundador da JCA.
A partir de 1940, uma nova fase se desencadeou, com os imigrantes buscando oportunidades fora da Colônia Quatro Irmãos, migrando para cidades como Erechim, Passo Fundo, Porto Alegre e São Paulo.
Um marco importante nesse contexto foi a fundação da Sociedade Israelita de Erechim em 18 de novembro de 1943, quando foi registrado o primeiro estatuto. Inicialmente denominada Sociedade Cultural e Beneficente de José Bonifácio (nome do município de Erechim entre 1938 e 1944), a primeira diretoria foi formada por Salomão Iochpe como presidente, Jayme Ioshpe como vice-presidente, Daniel Henkin como tesoureiro e Samuel Foguel como secretário. Este momento simbolizou não apenas a busca por prosperidade, mas também o estabelecimento de laços sociais e culturais que enriqueceram a comunidade judaica na região.